quinta-feira, 24 de junho de 2010

Principado dos Poetas

O prêmio que reconheceu a nobreza da poesia brasileira transformou autores em príncipes e atravessou o século
Por João Carlos Lopes

Um homem que em poucas palavras é capaz de desvendar a alma humana, que ao primeiro olhar é capaz de enxergar a verdadeira índole dos sujeitos e que prefere dizer apenas as coisas mais bonitas, "porque a beleza é a gêmea da verdade". Essa poderia ser uma breve descrição do Príncipe Míchkin, o personagem de Fiódor Dostoiévski em O idiota, mas é na verdade o conjunto de características que define um grande poeta. Talvez seja por causa dessa semelhança que, em 1907, a revista Fon-Fon, um semanário pioneiro, voltado para o público feminino – circulou de 1907 a 1958 –, decidiu oferecer o título de “príncipe” aos mais importantes poetas brasileiros, láurea que foi pela primeira vez oferecida ao poeta e jornalista Olavo Bilac.

Naquele início de século 20, pouco mais de uma década após a proclamação da república, a elevação de um poeta ao status de príncipe poderia até parecer provocação política. Mas foram o nome e o legado de Bilac que suplantaram qualquer outra conotação possível, sobretudo pela sua reconhecida posição republicana e importância literária. Assim, o prêmio alcançou a glória e a nobreza no meio literário, sendo promovido por mais duas vezes pela própria revista Fon-Fon.

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